segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

No caminho de casa

Eu tento não olhar, mas é difícil. Todos os dias eu passo de carro pela sinaleira da frente da minha casa, onde ficam umas crianças pedindo esmola para as pessoas que estão dentro dos carros. Na verdade eu não olho para não sentir pena e cair no impulso de dar dinheiro. Quase nunca dou dinheiro para “pedintes”. Simplesmente não acho certo. Claro que têm milhares de outras coisas relacionadas a este assunto que não estão certas também, mas para mim, dar dinheiro não é a solução, e sim um agravamento do problema.

Mas esta não é a questão deste post. Hoje, com essa chuvarada toda em Porto Alegre eles estavam lá. De camiseta de manga curta, sem sapato e cabelos molhados. Três deles, e justamente o menor de todos veio na minha janela. Não olhei. Só balancei a cabeça. O menino não tem mais que cinco anos. Senti uma dor no coração, mas não podia dar dinheiro. Enquanto o sinal estava fechado fiquei pensando que aquilo ali parecia o trabalho deles. Faça chuva ou faça sol, eles estão ali, se organizando. Vi as duas meninas combinando em qual fileira de carro cada uma ia passar. Daí fiquei pensando se os responsáveis por aquelas crianças estavam em algum lugar ali perto esperando o dinheiro ou se eles vão para lá sozinhos. Mas acredito que eles ganhem uma graninha ali, porque “trabalham” nessa sinaleira há no mínimo dois anos, desde que me mudei para a Nilo Peçanha. Vocês devem saber da onde estou falando, é da sinaleira na frente do posto Ipiranga, quase na frente do Shopping Iguatemi.

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